Como pensar o contemporâneo no contemporâneo, estar fora e dentro ao mesmo tempo? Para pensar o contemporâneo como um complexo de fronteiras e deslocamentos talvez seja necessário revoltar-se contra o poder absoluto que se atribui ao fato. Não se deixar capturar pelos mecanismos de poder identitários de individuação, que nos paralisam, não se deixar colocar nos fluxos modulatórios de governa-mentalidade, que determinam os percursos e poder assim assumir o imprevisível. Alçar o devir, contra a tirania do real, contra a história: um pensamento geográfico. Chega de história. Geografizar a história, geografizar o pensamento, geografizar a vida. Deleuzeguattarizar: geo-filosofia.
Nossa questão não é apenas como pensar o fora estando dentro. A questão que nos interessa aqui e agora, como interessa uma tábua flutuante ao náufrago que não pára de se debater: como suscitar acontecimentos? Reativar o fora. Vida. Escapar do mundo único. Não só um pensamento geográfico, não só signos, mas também ações geográficas, ações políticas.
Precisamos de outras forças, maiores das que tinhamos antes, para continuar a caminhada, já que ela não é a mesma, mas se repete e se impõe. Achemos o diferente na repetição, ou estaremos fadados a perecer frente a esfinge, sabendo que a resposta é o homem.