Queremos usar estes dois vocábulos conectados por um hífen: sub-versões, no sentido de versões menores, ou seja, versões que façam a enunciação coletiva de uma minoria.
O sentido que normalmente encontramos para subverter é, via de regra, um sentido negativo, de destruição. Os significados convergem para o sentido de negar, de oposição a algo para destruí-lo. No entanto, estamos pensando em sub-versão como criação, ou seja, como uma ação positiva. Que sejam sub-versões por elas mesmas, não sendo reação, não condicionando sua existência a algo a que se opor. Seriam, portanto, sub-versões afirmativas, afirmativas da vida, criações de re-existências.
Assim sendo, podemos assumir também outros significados de versão e versar. Versar pode significar fazer estudo minucioso, examinar, (hack), fazer exercício ou treino, tratar de um assunto, assim como também pode ser pôr em versos.
Entendemos que a criação de sub-versões é ato de resistência como re-existência, insistência em existir, afirmação da vida. Resistência que pode ser alegre, que é sim oposição aos mecanismos e dispositivos do capitalismo financeiro que reiteradamente se lançam contra nós nos suprimindo a vida, mas esta oposição não é termo a termo, não se dá no mesmo plano, por isso pode ser de dentro criando o fora. Criação de sub-versões como invenção de novas armas.
Sermão (inspirado e respirado, talvez roubado de diversas obras)
Vivemos em uma época que teme a si própria e enche-se de desejo de restaurar, querem um retorno, um restabelecimento do velho e do venerável. Buscam uma santidade de tempo que nunca existiu. Querem aquilo que foi perdido, mas que nunca acharam. Assim vos digo queridos, não há volta, é inútil buscar o passado, temos que criar o novo, o improvável já que o pior e mais falso é a restauração. Temos que criar novas formas de enfrentamento, o capitalismo não é mais o mesmo, ele é pior, agora ele investe sobre o corpo nu, transformando tudo o que não era capitalizável em capital, não só maneiras de ser, de fazer, de ter, prazer, atitudes e sorrisos como absorve e anula táticas de resistência. Por isso trago as boas novas, não se produz só na fábrica, não se cria só na arte, não se resiste só na política.
Estamos impossibilitados de pensar. Isso não quer dizer que pensar fosse algo natural e fácil, nunca foi. Pensar é criar, sair da imobilidade, sorrir ao desconhecido que nos liga.
Pensar faz nos perguntar porque não seria possível pensar de maneira diferente da que se pensa?
Pensar não tem apenas um sentido ou uma verdade, mas uma forma de ressoar nos objetos. Devemos pensar de maneira diferente para multiplicar o sentido. Como?
Não devemos pensar os termos, mas as relações, aquilo que os liga. Experimente trocar o “É” por “e”. Exemplo: (b e v e L e…) e não (X é B). Não deve se perguntar o que uma coisa “É” mas ao que ela se relaciona e como.
Só estamos impossibilitados de pensar porque subordinamos a diferença à identidade, essa hora, essa vida e esse coelho acabaram de passar e não apenas o coelho.